Informação sobre as vacinas
A vacina da Pfizer e da BioNTech contra a COVID-19 é baseada no RNA mensageiro, ou mRNA, que ajuda o organismo a gerar a imunidade contra o coronavírus, especificamente o vírus SARS-CoV-2. A ideia é que o mRNA sintético dê as instruções ao organismo para a produção de proteínas encontradas na superfície do vírus. Uma vez produzidas no organismo, essas proteínas (ou antígenos) estimulam a resposta do sistema imune resultando, assim, potencialmente em proteção para o indivíduo que recebeu a vacina.
Os resultados dos estudos de fase 3, envolvendo mais de 44 mil voluntários e já publicados numa revista científica qualificada, mostraram que globalmente a eficácia da vacina contra a COVID-19 foi de 95%, com esquema de duas doses, num intervalo de 21 dias entre as doses. Os dados demonstraram também que a vacina foi bem tolerada, sendo que nenhuma preocupação séria de segurança foi observada.
A vacina pode ser armazenada a temperatura -90º C a -60º C por até 6 meses, entre -25º C a -15º C por um período único de 2 semanas e em temperatura de refrigerador entre 2º C a 8º C por até 31 dias. Para possibilitar o transporte aos diferentes países ou locais de aplicação, a Pfizer desenvolveu uma embalagem com potencial de armazenamento da vacina na temperatura necessária a base de gelo seco. Nesta embalagem, os frascos de vacina podem ser mantidos por até 30 dias, desde que a correta manutenção do gelo seco seja realizada.
A vacina da Johnson & Johnson é uma “vacina de vetor viral.” Para criá-la, os investigadores da farmacêutica utilizaram um adenovírus inofensivo – o vetor viral – e trocaram uma pequena parte das suas instruções genéticas com os genes da proteína “spike” do SARS-CoV-2. Quando este adenovírus modificado e injetado no braço de uma pessoa, ele entra nas suas células. Posteriormente, as células “leem” as instruções genéticas necessárias para produzir a proteína, e as células vacinadas passam a apresentar esta própria proteína na sua superfície. Assim, o sistema imunitário da pessoa vai reconhecer este tipo de proteínas, através do qual o coronavírus penetra nas células humanas, criando anticorpos contra o vírus. As vacinas de vetor viral são seguras, uma vez que o adenovírus não se consegue replicar nas células humanas nem causar a doença – a proteína “spike” do SARS-CoV-2 não pode provocar a Covid-19 sem o resto do coronavírus.
Segundo a análise da autoridade do medicamento norte-americano (FDA), a vacina da Johnson & Johnson demonstrou uma eficiência de 72% na prevenção de todo o tipo de infeções por Covid-19, e uma eficiência de 86% na prevenção de casos graves da doença – assim, apesar de ainda existir alguma probabilidade de a pessoa poder ficar infetada, as hipóeses de alguém ser hospitalizado ou morrer devido à Covid-19 depois de vacinado são significativamente baixas.
Ao contrário de todas as vacinas disponíveis em Portugal até ao momento – de empresas como a AstraZeneca, BioNTech-Pfizer e Moderna -, cuja imunização exige duas doses com um determinado intervalo de dias entre si, a vacina da Johnson & Johnson requer apenas uma dose.
Moderna, uma empresa de desenvolvimento de vacinas sediada em Massachusetts, estabeleceu uma parceria com os Institutos Nacionais de Saúde para desenvolver e testar uma vacina contra o coronavírus conhecida como mRNA-1273.
Esta é uma vacina do tipo mRNA mensageiro e, por esse motivo, contém mRNA com instruções para a produção da proteína causadora da Covid-19, a proteína S de “Spike” que pertence à superfície do vírus Sars-Cov-2 e é usada para a entrada do mesmo nas células do organismo. Além de mRNA contém os seguintes ingredientes: Trometamina, Ácido acético, Cloridrato de trometamina, Acetato de sódio, Sacarose e Lipídios. Ao ser administrada, as células realizarão a leitura do mRNA, produzindo temporariamente a proteína S que será reconhecida pelo sistema imunitário como estranha, conduzindo à produção de anticorpos, com a ativação das células T para posterior ataque. Esta produção de anticorpos faz com que uma pessoa ao entrar em contacto com o vírus em causa não desenvolva a doença, uma vez que o seu corpo já detém todas as ferramentas necessárias para se defender.
Sendo o RNA uma partícula muito frágil, que seria cortada em pedaços pelas enzimas naturais se fosse injetada diretamente no corpo. Para proteger a vacina, a Moderna envolve o mRNA em bolhas oleosas feitas de nanopartículas lipídicas.
É também devido a esta sua fragilidade que a vacina Moderna não pode ser armazena à temperatura ambiente, tendo de ser refrigerada a -4°F (-20°C) aquando do seu envio e armazenamento, sendo que deverá ser estável até seis meses.
Esta vacina requer duas injeções, dadas com 28 dias de intervalo, para preparar o sistema imunitário suficientemente bem para combater o coronavírus. Mas é ainda recente, os investigadores não sabem quanto tempo pode durar a sua proteção.
A vacina Moderna tem como grande vantagem o facto de ter uma elevada eficácia contra a Covid-19, cerca de 94,1% porém só pode ser administrada a pessoas com idade igual ou superior a 18 anos.
À semelhança de qualquer medicamento, também as vacinas poderão desencadear efeitos indesejáveis. Os mais frequentes da mesma durante os ensaios clínicos foram geralmente ligeiros ou moderados e melhoraram alguns dias após a vacinação. Estes incluíram, dor e inchaço no local da injeção, cansaço, calafrios, febre, gânglios linfáticos aumentados e sensíveis debaixo do braço, dor de cabeça, dores nos músculos e articulações, náuseas e vómitos, sendo que afetaram mais de 1 em cada 10 pessoas. Ocorreu também vermelhidão, urticária e erupção na pele no local da injeção e no corpo em geral, em menos de 1 em cada 10 pessoas. Verificou-se também comichão no local da injeção em menos de 1 em 100 pessoas e, raramente, em menos de 1 em cada 1000 pessoas, inchaço da face, que pode afetar pessoas que tenham no passado recebido injeções faciais para fins cosméticos, e fraqueza nos músculos de um lado da cara (paralisia facial periférica aguda ou paralisia). Surgiram também reações alérgicas em pessoas que receberam a vacina, incluindo um número muito pequeno de reações alérgicas graves (anafilaxia).
A vacina, chamada AZD1222, foi desenvolvida por uma equipa da Universidade de Oxford e da empresa farmacêutica britânico-sueca AstraZeneca. A equipa de pesquisa inclui cientistas do Instituto Jenner e do Oxford Vaccine Group.
Trata-se de uma vacina vetorial. Segundo a Fiocruz, foi desenvolvida com a tecnologia de vetor não replicante de adenovírus de chimpanzés, inofensivo para seres humanos. Trata-se de uma versão mais fraca do vírus da gripe comum em chimpanzés e contém igualmente proteínas contidas no material genético do vírus Sars-Cov-2.
Após a vacinação, o adenovírus penetra em algumas poucas células do corpo humano. Essas células utilizam o gene para produzir a proteína Spike. O sistema imunológico então reconhece isso como estranho e, em resposta, produz anticorpos e células T, que idealmente protegem contra a infecção com o coronavírus Sars-CoV-2.
A AstraZeneca teve que corrigir ligeiramente para baixo os dados sobre a eficácia de seu imunizante: ele protege em 76%, em vez de 79%, contra infecções com o novo coronavírus que apresentem sintomas, comunicou a farmacêutica sueco-britânica em seu site em 25 de março de 2021. Isso significa que num grupo de indivíduos vacinados ocorreram 76% menos casos de doença do que no grupo de controle que recebera um placebo. Entre os maiores de 65 anos a taxa é bem mais alta, chegando a 85%. E a vacina chega a proteger 100% contra um quadro clínico grave.
Pouco antes, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos Estados Unidos, dirigido pelo epidemiologista Anthony Fauci, registrara dúvidas sobre a eficácia da vacina da AstraZeneca: "informações obsoletas" teriam "comunicado uma imagem incompleta da eficácia". Em reação, a empresa sueco-britânica divulgou novos dados, após realizar testes com 32.449 participantes, dos quais um terço foi vacinado. Estudos anteriores indicaram que a eficácia podia chegar a 82% ou até 84% se for ministrada uma segunda dose num prazo de 12 ou mais semanas.
Os dados do produto da AstraZeneca também são bons no tocante a hospitalizações. Um estudo da Universidade de Edimburgo mostrou que quatro semanas após a primeira dose o risco de ter que ser internado devido à covid-19 caiu 94%. Para a vacina da Biontech-Pfizer, a queda registrada foi de 85%.
A Agência Europeia de Medicamentos afirmou em 7 de abril de 2021 que existe uma possível ligação entre o uso da vacina de Oxford, fabricada pela empresa AstraZeneca, e a formação de coágulos sanguíneos. A EMA ressalvou, porém, que esses casos são muito raros, e os benefícios oferecidos pela vacina superam em muito os riscos de efeitos colaterais. A EMA recomendou que a formação de coágulos sanguíneos seja incluída como efeito colateral muito raro da vacina.
A agência afirmou que profissionais de saúde e pessoas que forem vacinadas devem estar cientes de que existe a possibilidade de casos muito raros de coágulos sanguíneos em combinação com plaquetas baixas no sangue, e acrescentou que a maioria dos casos relatados ocorreu em mulheres com menos de 60 anos no período de até duas semanas após a vacinação. Mesmo assim, a agência declarou que não conseguiu identificar possíveis fatores de risco, como idade ou sexo, com base nas informações por enquanto disponíveis. Pouco depois da declaração da agência europeia, o painel consultivo de segurança de vacinas da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a ligação entre a vacina da AstraZeneca e os casos raros de coágulos sanguíneos é "considerada plausível, mas não foi confirmada". Um grupo de especialistas independentes revisou os dados globais mais recentes e afirmou que seriam necessários estudos especializados para compreender completamente a relação potencial entre a vacina da AstraZeneca e os possíveis fatores de risco. "É importante notar que, embora preocupantes, os eventos sob avaliação são muito raros, com números baixos de casos relatados entre os quase 200 milhões de indivíduos que receberam a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca em todo o mundo", disseram os especialistas.